ABC Domingo (Porto Alegre, 04 de maio de 2008)

Vergueiro e seus intérpretes

Coluna 'Aldeia'
Por Juarez Fonseca





Vozes como as de Ney Matogrosso, Alcione, Miltinho, Jards Macalé, Leila Pinheiro e Emílio Santiago se dividem nas faixas de Parceria, disco de samba e samba-canção do pianista, compositor e arranjador Guilherme Vergueiro e o produtor e letrista Paulinho Lima. Ambos tem um longo percurso na MPB. O paulista Vergueiro começou nos anos 70, no quarteto de Edison Machado (considerado o definidor da bateria de bossa nova). Tocou e gravou com uma galeria que vai de Nana Caymmi e Chico Buarque aos americanos Ron Carter e Wayne Shorter, viveu por duas vezes longos períodos nos Estados Unidos, tocou no Free Jazz, rodou pelo mundo, em 1998 lançou Amazon Moon, ótimo álbum instrumental de samba-jazz. Entre as dezenas de produções do baiano Paulinho Lima estão discos históricos como Fatal, de Gal Costa, e os primeiros de Jorge Mautner e Ângela RoRo. Como letrista, é parceiro de Guilherme Arantes, Nico Rezende e Léo Jaime. Pena é que tudo isso não ajuda Parceria a ser um grande disco. Mesmo tecnicamente corretos, pois afinal são nomes consagrados, os intérpretes parecem na maioria das vezes meio sem convicção, distantes, o que passa um clima frio ao ouvinte. Macalé impõe personalidade e ritmo em Assim Não Dá, Miltinho manda bem na quase biográfica Pijama Nem Pensar. Mas os momentos mais interessantes, por coincidência, são lentos e têm três cantoras jovens: Jussara Silveira em Foi Por Você, Luiza Possi em Com Lágrimas na Voz, e Preta Gil em Você é Minha Vida. Talvez os pontos altos do CD sejam os momentos instrumentais dos arranjos, ressaltando a qualidade do piano de Vergueiro. (Lançamento Lua Music)